É muito comum, no
Brasil, a utilização de plantas e ervas no tratamento de diversas doenças,
principalmente no interior. Por indicação de vizinhos e "comadres", ingere-se
uma enorme variedade de chás, xaropes e garrafadas, a transmissão desse conhecimento
empírico, através das gerações, com raiz, provavelmente, na tradição dos índios e
dos escravos, merece apenas uma tímida curiosidade da ciência, fazendo com que pouco se
saiba da verdadeira ação destes preparados. Com o diabetes não é diferente, tornando
necessário a discriminação das substâncias que, verdadeiramente, tem uma ação
efetiva como coadjuvante no tratamento. Isso quer dizer que, o tratamento
com ervas não substitue a necessidade de acompanhamento por um profissional de saúde,
mas exige que esse profissional não o subestime e tenha ciência de sua ação. Vamos
listar as plantas mais utilizadas no tratamento do diabetes, acrescentando a seguinte
informação:
Uso empírico, sem nenhuma confirmação científica. |
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Experiências com resultados insatisfatórios, divergentes ou em
andamento. |
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Esperiências com resultados positivos. Comprovação
clínico-laboratorial dos efeitos. |
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Resultados comprovados, inclusive com a identificação da
substância ativa |
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-Bajerú (Chrysobalanus icaco L.)
também conhecida como abajerú ou guajerú. Utiliza-se o chá (infusão) de suas folhas.
Pesquisas realizadas,demonstraram ação hipoglicemiante significativa no diabetes tipo
II.
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Bajerú |
-Café (Coffea arabica L.) é
o nosso conhecido café. Cozinha-se 4 gramas de grão crú para um copo (200ml) de água,
para se tomar à noite. É hipoglicemiante.
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Café |
-Jambolão (Eugenia jambolana Lam)
também conhecido como jamelão ou jambul. Originária da Índia, a árvore pode atingir
até 10 metros de altura, com muitos galhos. Folhas lisas e brilhantes, flores brancas ou
cremes, frutos pequenos, ovóides de cor roxa, quando maduros. Polpa carnosa envolvendo
uma semente. Macerado de 0,5 a 1 grama de sementes secas em um copo (200ml) de água fria,
duas a tres vezes ao dia; ou 2 gotas do suco obtido de sementes esmagadas, dissolvidas em
um pouco de água, tres vezes ao dia. É comprovada em estudos, a redução do açúcar
urinário.
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Jambolão |
Fruto maduro
do Jambolão |
-Lobeira (Solanum grandiflorum)
também conhecida por fruta-de-lobo, usada pelos índios Xavantes. É um arbusto que pode
chegar a 3 metros de altura e possui galhos com espinhos. É encontrada na região do
cerrado, no nordeste e em São Paulo. Os frutos são amarelos, quando maduros, com a polpa
amarelada e numerosas sementes. Ralar o fruto e colocar em água por 24 horas, coar, secar
e transformar em pó (o macerado), usar de 1 a 3 gramas duas a tres vezes ao dia. É
hipoglicemiante, e os estudos indicam ação nas células do pâncreas.
-Pata-de-vaca (Bauhinia candicans)
também conhecida por unha-de-vaca, unha-de-boi, mororó, casca-de-vaca, bauínia,
unha-de-anta, capa-bode, pé-de-boi, casco-de-burro ou unha-de-veado. A árvore mede de 5
a 9 metros de altura, requer solo fértil para se desenvolver e é encontrada com
facilidade no sul do Brasil, à beira das estradas. Sua atividade hipoglicemiante foi
estudada, pela primeira vez, em 1929, e doze anos depois, foi identificado seu princípio
ativo. Em 1984, descobriu-se sua atividade reguladora da diurese. Usa-se o chá de suas
folhas, preparado com 1 grama de folha seca para cada 250ml de água fervente. Toma-se uma
xícara tres vezes ao dia. É hipoglicemiante e diurético, e o princípio ativo é uma
glicoproteína.
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Pata de Vaca |
Folhas e
flores |
Pata
de Vaca |
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Sementes e
casca do tronco |
Folhas |
-Melão-de-São Caetano (Momordica
charantia) também conhecido como erva-de-lavadeira, fruta-de-cobra,
erva-de-são-vicente ou erva-de-são-caetano. É uma trepadeira de belo aspecto, com
frutos amarelo-dourados, e é encontrada em vários estados brasileiros. Utiliza-se o sumo
e o pó do fruto, que possuem ação hipoglicemiante, graças à presença de um
polipeptídeo. Existem controvérsias a respeito de uma possível toxicidade com o uso
prolongado.
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Melão-de-São-Caetano |
Fruto do
Melão-de-São-Caetano |
-Urtiga-vermelha (Urtica urens
L.) também conhecida como urtiga-da-miúda. Suas folhas usadas em saladas e
cozidos parecem ter discreto efeito hipoglicemiante.
-Stévia (Stevia rebaudiana
Bert.) é um arbusto perene, que pode alcançar um metro de altura e é
facilmente encontrado, em toda a América do Sul. É utilizada como substituto do
açúcar, graças a seu poder adoçante, 300 vezes maior que o do açúcar comum. Existem
ainda estudos recentes (1986 e 1991), que trazem a confirmação do aumento da tolerância
à glicose, em indivíduos diabéticos e normais, e de um efeito hipoglicemiante e
hipotensor provocado por alguns dos glicosídeos presentes na planta. Deve-se tomar alguns
cuidados, porque também possui efeito cardiotônico.
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Stévia |
Pedra Ume Caá |
-Pedra Ume Caá (Myrcia salicifolia,
Myrcia uniflorus) também conhecida como insulina vegetal. É um arbusto
de médio porte, que cresce nas regiões mais secas da Amazônia e em outra partes do
Brasil. Possue pequenas folhas verdes e flores vermelho-alaranjadas. Estudos comprovam sua
ação hipoglicemiante, produzida pela melhoria dos parâmetros metabólicos da
utilização da glicose. Foi demonstrada também a queda dos níveis de insulina no
plasma. O chá, produzido pela decocção de suas folhas, é a forma de uso mais
utilizada. |